Soneto I


Impetuoso silêncio que me atormenta,
Pensava ser tu quem me alimenta,
Mas como ousa coração não calar
Sei que és tua sina a de tanto amar

Infiel temporal que se afasta do céu
Traga a chuva em teu peito cruel
Faça de minhas palavras um ensaio
Queime com tuas gotas, atire ao léu.

De tal teatro me faz mero figurante
Faz-me servo de teu ensaio cantante
Fidedigno não és a honra de meu papel

Amaldiçoado é este coração sentimental
Coloca-a como humana, deusa, imortal!
Não reina sobre a terra, é tirana de meu fel.

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