Tarde



Cantam os astros nobres terras distantes
Assim como cantam os pássaros que migram
Ao nascer do dia, em vôos rasantes

Ilumina o sol corpos vivos e latejantes
Com o calor da vida que adentra
Recintos frios e delirantes

Vidas são carroceis empobrecidos e extravagantes
Que dão voltas num relógio de infinitos
Desperdiçando segundos em quotidianos anestesiantes

Torna a luz matinal, essa que adoece por horas bastantes
Para nossos olhos perderem o reflexo do céu
E falecerem em tristes padrões modernos enfastiantes

Fazendo assim pobres os versos quentes
Que antes nossa carne haviam esquentado
Para agora sofrerem novamente o frio de acasos angustiantes

Lembram os momentos de amor demasiado entre dois amantes
E as lágrimas de canções simples com tons abstratos
Permeados de significados e enaltecidos por lembranças marcantes

Mas que há de errado conosco, quando foi que celebramos contentes
O enterro de nossos ideais e paixões, heróis antes bravos
Hoje são estátuas retrô de um passado onde bradávamos gigantes

No final não foi a mentira que nos contaram de formas alienantes
Nem a felicidade vendida como produto, fomos nós que envelhecemos
E assim, os pequenos gestos tornaram-se mais importantes

E nisso tarde vai, sem momentos excitantes
Mas o pensamentos fica, em infindáveis versos delirantes.



















Comentários

Postagens mais visitadas